Tão Verde quanto a cor do Céu !


Hoje o blog “O que a história tem para mim” morreu, mas, como muitas das coisas que morrem ressurgiu, ressurgiu diferente, como algo que não cogitava fazer. Não será mais um blog apenas sobre história, será agora realmente um blog pessoal, para falar sobre o que vier a cabeça. Nunca imaginei que um dia teria a necessidade de expor o que penso.  

Não vou me delongar entre essa morte e ressureição, pois, isso é de nenhuma importância, vamos ao que está vivo. 

Depois de uma certa idade, não sei ao certo, adquiri o irritante habito de perder o sono quanto tenho uma ideia! 

Hoje foi um desses dias. Me ocorreu uma epifania, uma ideia original, tão original quanto milhares de pessoas que provavelmente tiveram a mesma ideia. Mas que me provocou essa necessidade de compartilhar, até porque ao escrever, também a ideia vai se estruturando e descobrindo o que realmente estou pensando. 

A ciência nos diz que cor é: “sensações visuais que nossos olhos captam quando há luz presente” (pode haver definição melhor, mas, não estou interessado). O que me ocorreu foi: como eu sei que aquilo que digo que é azul o meu amigo não enxerga verde? Nós apenas atribuímos uma expressão simbólica a um determinado reflexo de luz sobre uma superfície, mas, qual é a cor que a outra pessoa enxerga? Como eu sei que ao dizer: “que lindo céu azul” ou “mar azul” etc não é na verdade para a pessoa um lindo céu lilás, ou rosa? 

Tentei contra argumentar, contra meu próprio pensamento, há muitos testes psicológicos com cores que levam a certas respostas padronizadas das pessoas. Mas isso não diz nada apenas que certos reflexos de luz geram certas respostas, não me diz que há um padrão de “cor”. Também pensei. Mas quando está escuro nossa pupila dilata e quando está em uma sala muito branca há um certo incomodo nos olhos. Mas outra vez, isso diz apenas a reflexos de luz, não me diz nada sobre a “cor em si”. É impossível saber. 

Toda essa questão de cor me levou então a outra questão! Como eu posso enxergar pelos olhos de outra pessoa(perspectiva)? A final ao me colocar no lugar dela direi: “olha ela está vendo um lindo céu azul”, mas talvez, este céu seja verde aos olhos dela, algo que nunca saberei. 

 O que me levou também a outros lugares. As emoções que costumamos compartilhar e dizer que sentimos a mesma coisa, será? Posso dizer que há vários graus de nervosismos em mim. As vezes ele me leva a rir em momentos inapropriados, as vezes a roer as unhas, as vezes a me irar e assim por diante, dependendo do grau que ela se apresenta. Uma outra pessoa pode numa mesma situação apresentar comportamentos completamente diferentes. Mas não só isso, ela pode apresentar graus diferentes de nervosismo. Até tudo bem, mas já parou pra pensar que o “grau” de nervosismo dela pode ser uma escala totalmente diferente? O que você chama de leve pode ser um nervosismo moderado para outra pessoa, ou vice-versa. Do mesmo modo como a resistência à dor varia de cada indivíduo. 

Isso se aplicaria a todas as emoções e percepções da mesma forma. 

Tudo isso nos leva a uma questão. Eu não posso compreender o outro. Eu posso entender que ele está alegre, mas, não sei o que isso realmente significa. Eu sei que ele considera algo belo, mas, nem sei o que ele está realmente vendo. 

O que torna tudo desesperadoramente intrigante. Por um lado, há essa incompreensão, por outro é um mundo inexplorado e totalmente diferente ali ao seu lado. Tentando com todas as forças ser compreendido, em uma luta vã. Uma missão impossível. Pois aquela música que fez ambos chorarem, digo reconhecer a emoção, mas não faço ideia o que ela significa fora do meu próprio ser. 

O interessante é que o efeito que isso me fez não é de desilusão, desespero ou algo do gênero. Mas de fascínio. Agora mais do que nunca eu quero entender a mente do outro. Quero saber que emoções suas ideias lhe causam. Quero entender como ele enxerga o mundo.  

Quem sabe, talvez, apenas queira ser entendido, compreendido. Que exista alguma outra mente com as mesmas afeições. Um texto do mesmo gênero, um angulo do mesmo grau. Uma nota da mesma melodia. 

Talvez apenas talvez, seja possível transmitir, um pouco. Talvez alguém consiga realmente saber o que determinada coisa realmente significa para mim. 

Outra possibilidade é que esteja realmente ficando louco, perdendo o bom senso e que isso não faça o menor sentido. E que esteja tão errado quanto penso está certo.  

A questão é como aquelas imagens “escondidas” dentro de outra o qual ao ser observada e “descoberta” daí em diante não consegue ser “desvista”. 

Eu vi! Agora não me sinto capaz de desver. 

Espero continuar com esse espanto de maravilhado. Que a busca pela compreensão seja como aquela jornada próxima de uma grande descoberta. Que torna toda jornada interessante e instigante. 

Acho que as relações sociais acabaram de assumir uma nova roupagem. Não há como significarem a mesma coisa. 

Agora terei descobrir como isso de fato afeta a vida. 

Se é que vai ser afetada, se não for logo esquecida pelo fato do costume sempre ter vivido alheio.  

Como descobrir que o tempo passa diferente em planetas diferentes. Que é totalmente relativo. Mas por não ser consciente disso ou apenas por estar fora do poder de ser dominado, vivo como se isso não existisse. Não sei. Espero, pelo menos, descobrir se há alguém aí pensando como eu. Se alguém já se chocou contra essa rocha. Ou talvez causar esse choque em alguém. Só sei que tive esse desejo inexpugnável de compartilhar, que me fez levantar em uma madrugada fria. Talvez na esperança que, afinal, seja possível ser compreendido.  




Claudenilson 18 de julho de 2024

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